Esta já não é a primeira vez que o actor André gago critica a RTP.
Desta vez, foi o programa “Primeira Pessoa” que a jornalista Fátima Campos Ferreira apresenta, o alvo das suas críticas:
“O PROBLEMA DA HABITAÇÃO
A discussão não passa seguramente pelo painel absurdo que agora está no ar na RTP: António Costa Silva, Maria José Morgado, Eduardo Souto Moura, Nini Andrade e Silva e Rui Veloso dizem coisas sobre este e outros problemas e dão o seu sumário contributo para “pensar a sociedade Portuguesa pós pandemia e os desafios que estamos a enfrentar”. Escolhidos a dedo, parece, mas ainda não é Natal, que eu saiba, e portanto há coisas que eu não consigo perceber a não ser pelo facto de nos serem enfiadas pelos olhos e pelos ouvidos dentro e, ao contrário do óleo de fígado de bacalhau, não serem benéficas nem para a saúde nem para nada.
Já o poeta, esse, fala de tudo, e não só pode como faz bem em falar. E este poema é mesmo para desligar a televisão e o seu pequeno aparato de burguesia a cores e em prime-time, para fazer ressoar e ecoar algumas das palavras que contam: Ruy Belo, neste caso, cujo poema me veio de imediato à memória como um assomo da lucidez necessária.
Oh as casas as casas as casas
Oh as casas as casas as casas
as casas nascem vivem e morrem
Enquanto vivas distinguem-se umas das outras
distinguem-se designadamente pelo cheiro
variam até de sala pra sala
As casas que eu fazia em pequeno
onde estarei eu hoje em pequeno?
Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco?
Terei eu casa onde reter tudo isto
ou serei sempre somente esta instabilidade?
As casas essas parecem estáveis
mas são tão frágeis as pobres casas
Oh as casas as casas as casas
mudas testemunhas da vida
elas morrem não só ao ser demolidas
Elas morrem com a morte das pessoas
As casas de fora olham-nos pelas janelas
Não sabem nada de casas os construtores
os senhorios os procuradores
Os ricos vivem nos seus palácios
mas a casa dos pobres é todo o mundo
os pobres sim têm o conhecimento das casas
os pobres esses conhecem tudo
Eu amei as casas os recantos das casas
Visitei casas apalpei casas
Só as casas explicam que exista
uma palavra como intimidade
Sem casas não haveria ruas
as ruas onde passamos pelos outros
mas passamos principalmente por nós
Na casa nasci e hei-de morrer
na casa sofri convivi amei
na casa atravessei as estações
Respirei – ó vida simples problema de respiração
Oh as casas as casas as casas
Ruy Belo
Todos os Poemas
Lisboa, Assírio & Alvim, 2000“, escreveu o actor

Não me sai da cabeça a “aberração”
que disse Souto Moura sobre a obrigatoriedade das casas terem que respeitar a legislação para pessoas com deficiência !!!!
Foi dito em direto e ao vivo
e sem que ninguém contestasse!!
Lamentável!!
Fatima pobre ds espirito. Ja devia ter deixado o ecra, o ecra, como fez Judite de Sousa. Mas a RTP e publca ficam lá até se mumificarem
O meu comentário vai para a intervenção do sr Souto Moura sobre as regras para deficientes nas construções, a mesma foi tão mas tão absurda, desumana ,numa palavra , HORRÍVEL que só pensar que existem pessoas assim, dá nauseas e mais não digo